·· AGUARDO O PRÓXIMO FINAL DE SEMANA, AGUARDO O REENCONTRO, AGUARDO A viagem à EUROPA, AGUARDO A FORMATURA, AGUARDO O NOVO ANO, A PRÓXIMA DÉCADA. AGUARDO MEU PRIMEIRO EMPREGO, MEU PRIMEIRO FILHO. AGUARDO O PRIMEIRO FIO DE CABELO BRANCO, AS RUGAS, O PRIMEIRO NETO, TALVEZ. AGUARDO O CÉU ·· MAS SE porventura O CÉU DECIDIR CHEGAR ANTES DA MINHA APOSENTADORIA OU QUEM SABE ATÉ MESMO ANTES DO MEU TÃO SONHADO REENCONTRO, NÃO TEM PROBLEMA! ·· POIS O CÉU É O QUE MAIS AGUARDo··

terça-feira, 11 de maio de 2010

e nada me faltaria


·· hoje comecei o dia mal. comecei sem procurá-Lo.

foi uma noite mal dormida, foi um e-mail torto logo pela manhã, foi a rua congestionada em horário escolar (sim, acordo ao som dissonante de crianças gritantes), foi a volta à casa para buscar o cartão da catraca, foi o nervoso motorista da van que quase transformou meu humilde automóvel num carrinho de rolemã, foi a fumaça do caminhão tostando o meu pulmão, o impresso do projeto que eu iria (note a conjugação: futuro do pretérito) apresentar aos coordenadores do hospital, a dor de estômago súbita (gastrite nervosa é o nome disso) quando o imaginei bem lindo em cima do criado da sala (sim! eu o esqueci!), a leve chamada que levei da professora pelo atraso. tudo isso, e isso nada, nos primeiros 50 minutos do meu dia.

·· e eu não O havia procurado.

caminhei pelos corredores cinzas do hospital em direção ao elevador pensando no que as 17 horas que ainda restavam no dia me preparavam. não conseguia olhar pra outra direção senão pra baixo, e pra baixo somente. pensava na catraca, no projeto, no motorista da van, no trabalho sobre o móvel, na apresentação que teria que ser adiada, na repreensão pelo atraso e, novamente, por não O ter procurado.

de frente ao elevador. foi nessa hora que meus olhos se direcionaram para cima à fim de me dar um pouco de direção. ·· foi nessa hora que O encontrei, ··  ali!, nas costas da gestante que já se contorcia de dores do parto e que, com a ajuda do marido, andava, que li: ·· “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” ·· salmo 23:1 ··

·· foi ali que me dei conta que eu não O procurei, mas Ele me encontrou.

senti um alívio súbito e meus olhos marejaram naquele mesmo instante. me vi como sendo a ovelha perdida da parábola (lucas 15: 3 à 7). e quando eu digo perdida eu quero dizer que não precisei sair da igreja, ir pra balada, fumar, beber, matar, roubar ou mentir. negligenciei uma leitura, uma oração, um encontro ·· e “apenas” isto, sozinho, já é o suficiente pra me manter longe. perdida.

pedi perdão por não procurá-Lo como deveria e não ter entregue à Ele o meu dia e meus detalhes. ·· Ele gosta dos meus detalhes.

agradeci pela promessa de que, eu procurando ou não, Ele sempre seria o meu bom Pastor e que nada iria me faltar ... e nada mesmo me faltou!


boa noite.

(escrito no dia 5 de maio de 2010)


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